As Ilhas de Lixo nos Oceanos

As Ilhas de Lixo nos Oceanos

Meio Ambiente, o fiel depositário de todos os resíduos sólidos urbanos.
O problema ecológico criado pelos resíduos sólidos urbanos, no meio ambiente, tem vindo a agravar-se, ao longo dos tempos, devido à concentração cada vez maior do lixo produzido pelo homem.
As causas deste agravamento resultam: da urbanização, do aumento do rendimento e do consumo das pessoas e da era do plástico.

O plástico, embora descoberto há mais de século e meio, somente alcançou o desenvolvimento, à escala mundial, após a II Guerra Mundial e mais acentuadamente nas últimas 3 ou 4 décadas. Passou a estar presente em grande parte dos nossos utensílios, está em quase tudo e em todos os lugares, nas suas diferentes formas e fórmulas, é resistente, de fácil produção, de baixo custo... e descartável.

Para onde encaminhar tanto lixo doméstico? Como o tratar?
Em Portugal passámos do depósito em lixeiras para os Aterros Sanitários, para os Ecopontos e destes para os Ecocentros.

E no Mundo? Em muitas áreas do nosso Planeta, nos países menos desenvolvidos e com elevado grau de pobreza, subsistem as grandes lixeiras com todos os malefícios que elas representam para o meio ambiente e para a saúde das populações.

Mas, a grande lixeira está no mar.
A beleza espetacular da vida nos oceanos está ameaçada, em determinadas áreas dos mares, pela incúria e pela ganância do homem, ao longo de muitos e muitos anos.
Em 1997, o oceanógrafo americano Charles Moore, durante uma competição de barco à vela em águas pouco utilizadas pela navegação mercantil e turística, descobriu a grande Ilha de Lixo do Pacífico Norte, localizada entre as ilhas havaianas e a costa oeste dos EUA, no chamado Giro do Pacífico Norte.

O Giro Oceânico
É definido “como um sistema de correntes rotativas relacionadas com o movimento das massas de ar pelo Efeito Coriolis”. No Pacífico Norte o Giro é composto por 4 correntes oceânicas: a corrente do Pacífico, a corrente da Califórnia, a corrente Equatorial Norte e a corrente Kuroshio (ou do Japão). Estas 4 correntes movimentam-se no sentido dos ponteiros do relógio, formando um Giro contínuo.

A formação das ilhas de lixo resultam da acumulação de materiais não degradáveis, despejados nas praias por países banhados pelo mar (80%) e lixo proveniente de embarcações marítimas e de plataformas petrolíferas (20%), os quais, varridos por tempestades para o mar alto, são arrastados pelas correntes marítimas e convergem para os Giros Oceânicos.

O plástico (leve e durável) é o material predominante nas ilhas de lixo (90%), mas também se encontram outros materiais como: emaranhados de redes de pesca, garrafas, tampas, bolas, bonecas, calçados, sacolas de plástico, malas, restos de embarcações naufragadas, etc.
Os ventos e as correntes oceânicas que fazem os detritos concentrarem-se no seu centro, também fazem com que os detritos sejam expelidos para zonas adjacentes e atinjam algumas ilhas da região, transformando-as em autênticas lixeiras.
O plástico tem um processo de biodegradação muito longo (mais de 300 anos). Cerca de 18.000 pedaços de plástico visíveis flutuam em cada Km. quadrado de mar. E o Oceano Pacífico tem a maior lixeira flutuante do mundo.

As ilhas de lixo não são exclusivas do Oceano Pacífico. Fenómeno idêntico já foi encontrado no Oceano Índico, no Atlântico Norte e Sul e no Pacífico Sul.
Em Maio de 2013 o explorador francês Patrick Deixonne chefiou uma expedição às ilhas de lixo do Pacífico Norte, com o intuito de dar mais visibilidade a esta realidade e alertar o mundo para tamanha catástrofe ecológica.

As ilhas de lixo formadas nos oceanos, funcionam como um iceberg, ou seja, há muito mais lixo dentro da água do que à superfície. A mancha flutua rente à linha de água e forma uma camada que chega a atingir 10 metros de profundidade em alguns pontos.
Também nos fundos mais baixos dos oceanos se regista a existência de quantidades enormes deste tipo de detritos (e outros), porque nem todos os plásticos flutuam. Bactérias e outros organismos que se criam sobre as paredes dos recipientes de plástico, por exemplo, acrescentam – lhes um peso adicional (ficam mais pesados do que a água que deslocam) e estes afundam.

O mar está cada vez mais poluído. Parece não haver lugar algum neste planeta que não esteja afetado pela ação negligente do homem.
A maioria dos objetos que flutuam nas ilhas de lixo não são facilmente identificáveis. O Sol encarrega-se de quebrar os fragmentos de plásticos em pedaços cada vez menores, pedaços que podem atingir o tamanho de grãos de arroz.

Contudo, os polímeros que compõem estes pedaços jamais serão degradados. E dada a sua dimensão diminuta, são facilmente ingeridos por peixes e aves que se encarregam de disseminar a sua contaminação via cadeia alimentar.
A base da cadeia alimentar dos ecossistemas marinhos é o Plâncton e o Fitoplâncton. Mas neste composto há mais plástico misturado (em muito reduzidas dimensões) do que qualquer outra base natural da alimentação marinha. Os habitantes dos mares, atraídos pela enorme concentração desta mistura nociva, acabam ingerindo as substâncias de plástico que são extremamente prejudiciais ao seu organismo.

O impacto do lixo de plástico no ecossistema
Segundo alguns estudos efetuados por Universidades dos Estados Unidos, são produzidas por ano 350 milhões de toneladas de plástico. Dessas, cerca de 7 milhões acabam nos oceanos. Por ano, entre 12 mil e 24 mil toneladas de detritos plásticos (o equivalente a 480 milhões de garrafas de plástico de 2l) são engolidos por peixes. Estima-se que morram cerca de 1.500.000 animais todos os anos (aves, peixes, tartarugas, golfinhos baleias, tubarões) devido à ingestão de plástico. E algumas espécies já sofreram mutações.

Tal facto causa uma grande revolta e uma sensação de impotência perante tamanha tragédia.

Como foi possível chegar a esta situação?
Porque, lamentavelmente, nós, os humanos, somos os únicos seres vivos à face da Terra que teimam em destruir o que os rodeia. Esquecemos que a espécie humana depende da biodiversidade para a sua sobrevivência.
Por ignorância?
Afinal, a Terra, a casa comum de todos nós, deveria ser estimada, cuidada e preservada.

Para que os vindouros possam usufruir, tal como nós, da extraordinária beleza dos mares, é urgente travar este desastre ecológico. Organizações Internacionais, como as Nações Unidas, os países, a indústria do plástico, a Comunidade Cientista, os Ecologistas e outras, precisam de encontrar uma forma de recolher e reciclar todo este lixo.

É difícil? Claro que é, mas não é impossível.

Tem custos muito elevados? Claro que tem

Mas o Planeta Azul bem o merece.

Texto  apresentado  em 2017, pelos alunos Carlos e Natália Neves da Disciplina Questões Ambientais
 

 

 

 

Ilhas de Lixo no Pacífico

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