No dia 30 de Janeiro, um dia de Inverno, com um sol radioso e algum frio, a turma de Questões Ambientais foi até Almada na expectativa de, como sempre, ser surpreendida pela transmissão de saberes da sua Professora Mariana Mareco.
Iniciámos o percurso nas ruas históricas da cidade, nossa vizinha. Fomos até ao local onde Almada teve origem, Al-Madan (em árabe), que significava mina, no alto de uma falésia, de frente para Lisboa.
Nesse local, num belíssimo miradouro, com uma vista privilegiada para observar Lisboa, o Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril, o Rio Tejo, o Castelo (já muito descaracterizado).
O começo de Almada foi na Quinta de Almaraz, onde existiam minas, marcas da presença fenícia, materiais da Idade do Ferro, muralhas e fossos. Dentro dessas muralhas existiam casas, fornos, cerâmica, etc.
Depois da reconquista cristã aos mouros houve uma destruição do local e só mais tarde começou a ser povoado, em 1190, com a carta de foral. Assim começaram a desenvolver-se diferentes actividades: produtos agrícolas, carvão, centros de pesca, conserva, armazenamento de diferentes produtos, que abasteciam a cidade de Lisboa. Devido à proximidade do rio apareceram também grandes estaleiros.
Do miradouro ainda foi possível ver o antigo lavadouro público, o Centro de Arte Contemporânea, o antigo Convento de S. Paulo, o Lazareto, que era o local onde os marinheiros faziam a quarentena, quando regressavam das viagens, (local quase em frente da Torre de Belém).
A margem esquerda do rio tinha grandes quintas, com bons ares e boa água, daí a expressão: “estou nas sete quintas”.
Continuando o nosso percurso chegámos à Igreja de Santiago, o edifício religioso mais antigo desta localidade, dedicada ao santo peregrino. No interior da igreja é possível observar-se no seu teto, uma pintura alusiva aos peregrinos, e azulejos nas paredes laterais, de um lado lembrando o início da reconquista cristã e no outro lado o seu apostolado.
Dirigimo-nos depois ao Museu Medieval Moderno, onde se observam os fossos do tempo árabe (antigos cilos, para armazenagem de cereais e frutos secos); diferente material cerâmico e ruínas de casas medievais.
Passámos depois pela Rua da Judiaria, pelo Largo das vítimas de 26 de Agosto de 1931, antigo Largo do Passa Rego (onde há muitos e muitos anos corriam águas em direcção ao rio). Conta-se que naquele ano, 1931, naquela data, houve um propósito de derrubar a ditadura militar, através de um ataque aéreo ao Castelo de S. Jorge e ao centro de Lisboa, mas que falharam o alvo e por isso, no largo morreram muitas pessoas algumas delas crianças que brincavam no local com papagaios de papel.
Deambulando pelas ruas estreitas fomos até à Casa da Cerca, com o seu belíssimo jardim, também conhecido pelo Jardim dos Sentidos ou Jardim dos Pintores que é um convite às sensações.
Cada canteiro é dedicado a um sentido, utilizando-se plantas e materiais inertes para o estimular.
Os canteiros são atravessados por pequenos caminhos a partir dos quais se convida a sentir o cheiro, o sabor, o toque, a cor dos diferentes materiais. Ainda observámos um conjunto de papiros, planta de Deus “Ra”, Deus do Sol na cultura egípcia.
Passámos ainda pelo Pátio do Prior, hoje em recuperação, mas anteriormente um pátio com as casas do Prior do Crato, onde viveu sonhando com a grandeza e a independência de Portugal.
Iniciando o regresso, visitámos a USALMA, Universidade Sénior de Almada, um espectacular edifício, recuperado pela Câmara Municipal, que proporciona imensa qualidade às diferentes actividades daquela universidade sénior e que nos deixou esperançados de que a nossa Câmara Municipal poderá, num futuro próximo, tornar realizável, como já foi prometido, um edifício sede equivalente, para a nossa universidade.
Assim terminou mais uma visita de estudo com a certeza de que, como sempre é apanágio, regressámos muito mais enriquecidos em saber e com o coração cheio depois deste bom convívio.
MªJGonçalves